Qual é a melhor hora para treinar?
Entenda como o corpo responde aos estímulos de acordo com o momento do dia (ou da noite)
12/12/2019 ● Tempo de leitura: 3 mins
Por: Thieny Molthini
Sair do sofá para se exercitar é o ponto de partida para uma vida mais saudável. Mas será que algum momento do dia (ou da noite) acaba sendo mais propício? Se existem diferenças, então qual é a melhor hora para treinar?
A resposta do corpo para os treinos pode mudar ao longo das 24 horas do dia. De acordo com Luiz Carlos Carnevali Junior, doutor em ciências pelo Instituto de Ciência Biomédicas da Universidade de São Paulo e diretor técnico da Smart Fit, a questão é puramente fisiológica. Vamos falar mais sobre isso.
Então, qual é melhor hora para treinar?
“Por ser uma atividade catabólica, ou seja, que demanda disposição, o melhor é se exercitar quando a produção de hormônios catalizadores – que atuam na produção de energia – estão em melhor quantidade e função”, explica o profissional.
Alguns desses hormônios catabólicos são a adrenalina e o cortisol. O primeiro atua, por exemplo, na frequência cardíaca e na dilatação das vias respiratórias. Já o cortisol, dentre outras funções, mantém os níveis de açúcar no sangue, garantindo a energia muscular.
E quando eles atingem esses picos de produção no organismo? Em dois momentos: “logo pela manhã e, depois, no período da tarde, mas com menor incidência”, afirma Carnavali.
Dessa forma, treinar pela manhã ou à tarde seria a melhor opção.
E se eu não posso treinar de manhã?
Mais do que pensar fisiologicamente, é preciso analisar a realidade de cada pessoa. Para começar, nem sempre é possível escolher um horário entre escola, trabalho, filhos e outros compromissos. Só que também não dá para abrir mão da saúde. Então, e agora?
“O melhor a se fazer é escolher uma hora do dia em que você possa manter uma rotina de treinos, para que o exercício se torne um hábito”, aconselha Guilherme Dilda, médico do esporte da Care Club.
Por isso, além dos fatores físicos, é importante levar em consideração questões emocionais e individuais. E, assim, cada pessoa encontrará o seu melhor horário para treinar.
A fim de ajudar nesse processo, Guilherme dá algumas dicas que podem ser bastante úteis:
Treine pela manhã se você…
Tiver dificuldades com a consistência. “Pesquisas sugerem que, no que diz respeito ao hábito de exercício consistente, os indivíduos que treinam pela manhã tendem a se sair melhor. Afinal, a prática acontece antes que outras pressões do dia possam interferir em sua rotina”, explica Guilherme Dilda.
Treinar pela manhã também deixa as funções biológicas mais eficientes, aumentando, por exemplo, a capacidade de concentração.
“Além disso, quando terminamos um treino, liberamos substâncias de bem-estar, como a serotonina, que garante uma sensação de dever cumprido, o que melhora a autoestima e a confiança na realização de outras tarefas”, acrescenta o médico do esporte.
Dica: já que o corpo está mais frio pela manhã, vale investir um pouco mais no aquecimento.
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Treine pela tarde se você…
Tem apenas o horário de almoço disponível. E se ainda conta com a companhia de colegas de trabalho essa pode ser a motivação que você procurava.
“Exercícios à tarde ainda podem aumentar o rendimento do seu treino, uma vez que você já fez uma ou duas refeições no dia. Isso eleva os seus níveis de açúcar no sangue, o que ajuda para que consiga atingir intensidades maiores”, explica o médico.
Se o fim da tarde for o melhor horário, também há benefícios a se considerar. “Como a temperatura corporal normalmente aumenta ao longo do dia, a força e a resistência muscular podem atingir um pico no final da tarde, quando a temperatura corporal está mais alta”, diz Guilherme.
Treine à noite se você…
É uma pessoa mais noturna ou tem o exercício como uma válvula de escape para o estresse do dia a dia. “Algumas vezes, treinar à noite acaba sendo mais fácil porque a pessoa já está no ritmo do trabalho”, comenta Guilherme.
No entanto, dependendo da sensibilidade, a prática de exercícios à noite pode afetar a qualidade do sono. Afinal, à noite o organismo se prepara para dormir e as atividades físicas liberam hormônios que aceleram o corpo para a produção de energia, como a adrenalina e o cortisol (que falamos ali em cima). “Esses hormônios são totalmente antagônicos aos hormônios anabólicos, que trabalharam para o sono”, ressalta Carnevali.
Recuperação
A qualidade do sono é tão importante quanto uma rotina de treinos. É durante o descanso que o organismo se recupera e sintetiza tudo o que foi aprendido e desenvolvido durante o dia (e à noite).
Realizar exercícios muito tarde pode fazer com que a agitação do treino prejudique o sono. E isso pode refletir negativamente na saúde e, inclusive, no desempenho.
O mesmo vale quando é preciso sacrificar o sono para treinar logo cedo. “Se a pessoa vai acordar às 5 horas da manhã porque tem uma aula de bike, é importante dormir um pouco mais cedo na noite anterior”, finaliza Guilherme.