Dicas de especialistas para evitar a obesidade infantil
Na maior parte dos casos, a combinação de maus hábitos alimentares e sedentarismo pode desencadear a doença. Como os pais podem ajudar?
14/10/2020 ● Tempo de leitura: 4 mins
Por: Maria Cecília Arra
Estamos assistindo a obesidade infantil virar uma verdadeira pandemia em tempo real: A Federação Mundial de Obesidade já previu que 254 milhões de crianças com idades entre 5 e 19 serão obesas até 2030. Para lidar com o problema, precisamos entender como chegamos a essa situação e transformar os hábitos dos pequenos. Neste texto, reunimos informações que podem ajudar.
O que é obesidade infantil e o que é sobrepeso
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), sobrepeso e obesidade acontecem quando há um “acúmulo anormal ou excessivo de gordura que represente risco à saúde”. Para esse diagnóstico, foram estabelecidos parâmetros que medem ambas as condições em crianças e adolescentes – afinal, essas fases são caracterizadas por uma série de mudanças fisiológicas que variam de pessoa para pessoa.
Por que precisamos falar sobre obesidade infantil
Em primeiro lugar, obesidade infantil é coisa séria. O sedentarismo e más escolhas alimentares são em grande parte responsáveis pela disparada na proporção de crianças com excesso de peso. Esse número dobrou de 2000 a 2016, de acordo com um relatório da UNICEF. No curto prazo, a projeção é de que ao menos 43 milhões de crianças menores de cinco anos estarão acima do peso em 2025.
No Brasil, seguimos na mesma direção, só que em um contexto já bem preocupante: um levantamento do IBGE aponta que uma em cada três crianças de 5 a 9 anos está acima do peso no Brasil. “Sem dúvida, elas estão comendo errado, mas também falta atividade física”, garante José Carlos Fernandes, pediatra do HCor. De fato, entidades de saúde alertam que, se não houver uma mudança drástica na abordagem, estaremos condenados a lidar com um forte crescimento de doenças associadas à obesidade, como diabetes, pressão arterial elevada e doenças cardiovasculares.
“Crianças com sobrepeso e obesas têm maior probabilidade de permanecer obesas até a idade adulta e de desenvolver essas enfermidades”, alerta o médico. Desse modo, as repercussões clínicas e o aumento da mortalidade de obesos adultos justificam a necessidade primordial de falar sobre o problema e como evitá-lo.
Como evitar a obesidade infantil
Então, se a obesidade é um dos distúrbios nutricionais mais prevalentes entre crianças e adolescentes no mundo inteiro, é essencial que pais e cuidadores tenham consciência do seu papel para não ativar “gatilhos” dentro de casa. Às vezes, a obesidade infantil tem mais a ver com fatores genéticos, mas, na maior parte dos casos, é a combinação de maus hábitos no prato e sedentarismo que tem papel decisivo nessa história.
1. Exercícios na prevenção da obesidade em crianças
A Sociedade Brasileira de Pediatria é taxativa ao ressaltar a importância da atividade física para crianças e adolescentes na prevenção e no enfrentamento da obesidade. Por isso, tomar gosto pela vida ativa na infância vai diminuir as chances do seu filho desenvolver a doença mais tarde, quando adulto. A verdade é que criança precisa fazer atividade física com regularidade para, além da obesidade, afastar o perigo da depressão e melhorar o sono.
2. Tire as crianças do sofá…
Videogame, TV e computador… Quando se passam horas e mais horas com os olhos fixos em telas, o sedentarismo se torna um fator de risco para o desenvolvimento de diversas condições prejudiciais à saúde, inclusive a obesidade. Justamente por isso, a OMS sugere limitar o tempo das crianças em frente a dispositivos eletrônicos a, no máximo, duas horas por dia.
3. … e desligue a TV na hora das refeições
As crianças tendem a exagerar na porção se assistirem à televisão enquanto comem, de acordo com especialistas da Harvard School of Public Health. De acordo com a pesquisa, a probabilidade das crianças ganharem quilos extras é maior quando elas fazem as suas refeições em frente à televisão. Outro dado interessante: pequenos com o aparelho em seus quartos também são mais propensos a ficarem acima do peso.
4. Promova uma alimentação saudável
“Bons hábitos alimentares podem influenciar o controle de peso na vida adulta e diminuir o risco de desenvolver obesidade infantil”, pontua Aryane Emerick, nutricionista do Smart Fit Nutri (aplicativo com consulta online e chat com especialistas). Refeições saudáveis e balanceadas (mais comida de verdade, menos ultraprocessados) oferecem a nutrição de que seus filhos precisam. Então, ensine os pequenos sobre a importância de experimentar a variedade: grãos, frutas e vegetais, laticínios, legumes e carnes magras.
5. Peça ajuda do pediatra e da nutricionista para montar o cardápio ideal
Uma rotina de restrição calórica pode impedir que as crianças recebam aportes de vitaminas, minerais e a energia de que precisam para um crescimento adequado. Por isso, em vez de dar atenção às calorias, concentre-se em ajudar os pequenos a desenvolverem comportamentos alimentares saudáveis. Ah, e sempre converse com o pediatra e com a nutricionista, se decidir mudar a dieta deles, antes de mais nada.